sábado, 5 de maio de 2007

DECLARAÇÃO DE BENS

Declaro para todos os fins
que sempre dei o melhor de mim
em todas as áreas da minha vida
como declararei em seguida....

Declaro que dou ao meu CORPO
um cuidado muito especial
Dou-lhe alimentos saudáveis
mas, confesso que quando carente,
sonego algumas qualidades da razão
deixando prevalecer meu coração....

Declaro que quanto á EMOÇÃO
estou sempre trabalhando
para deixá-la bem equilibrada
com a sensata razão...
Dou-lhe alimentos essenciais
que fazem dela capaz
de produzir coisas lindas
que brotam de uma criatividade infinda...

Declaro que cuido do meu ESPÍRITO
de forma muito cuidada
pois ele é meu caminho para Deus...
Com ele caminho para o Paraíso
cuidando-o com inteligentes orações
que me levam ao mais profundo
deste meu amado coração...

Terminada esta declaração
dos meus bens de vida...
Do meu ser mais amado...
Quero dizer, a quem possa interessar,
que cada dia aprendo mais,
dos meus bens,

CUIDAR...

SAUDADE


Que me dizias, Augusto Meyer,
naquele tempo que não passa,
na mesa, junto à vidraça,
naquele bar que era um barco?

Por ela passavam mares,
passavam portos e portos,
ali que os ventos ventavam,
dos quatro cantos do mundo!

O que dizíamos? Sei lá!
não falemos em nossas vidas...
nem, por nós, se salvou o mundo...

Mas, Amigo, eu sei que tenho
— naquelas horas perdidas —
o meu ganho mais profundo!

UM DIA ACORDARÁS

Um dia acordarás num quarto novo
sem saber como fosse para lá
e as vestes que acharás ao pé do leito
de tão estranhas te farão pasmar,

a janela abrirás, devagarinho:
fará nevoeiro e tu nada verás...
Hás de tocar, a medo, a campainha
e, silenciosa, a porta se abrirá.

E um ser, que nunca viste, em um sorriso
triste, te abraçará com seu maior carinho
e há de dizer-te para o teu assombro:

— Não te assustes de mim, que sofro há tanto!
Quero chorar — apenas — no teu ombro
e devorar teus olhos, meu amor...

EU SOU AQUELE

Eu sou aquele que, estando sentado a uma janela,
a ouvir o Apóstolo das Gentes,
adormeci e caí do alto dela.
Nem sei mais se morri ou fui miraculado:

consultai os Textos, no lugar competente —
o que importa é que o Deus que eu tanto ansiava
como uma luz que se acendesse de repente,
era-me vestido com palavras e mais palavras

e cada palavra tinha o seu sentido...
Como as entenderia — eu tão pobre de espírito
como era simples de coração?

E pouco a pouco se fecharam os meus olhos...
e eu cada vez mais longe... no acalanto
de uma quase esquecida canção...

VIDAS

Nós vivemos num mundo de espelhos,
mas os espelhos roubam nossa imagem...
Quando eles se partirem numa infinidade de estilhas
seremos apenas pó tapetando a paisagem.

Homens virão, porém, de algum mundo selvagem
e, com estes brilhantes destroços de vidro,
nossas mulheres se adornarão, seus filhos
inventarão um jogo com o que sobrar dos ossos.

E não posso terminar a visão
porque ainda não terminou o soneto
e o tempo é uma tela que precisa ser tecida...

Mas quem foi que tomou agora o fio da minha vida?
Que outro lábio canta, com a minha voz perdida,
nossa eterna primeira canção?!

MUNDOS


Um elevador lento e de ferragens Belle Époque
me leva ao antepenúltimo andar do Céu,
cheio de espelhos baços e de poltronas como o hall
de qualquer um antigo Grande Hotel,

mas deserto, deliciosamente deserto
de jornais falados e outros fantasmas da TV,
pois só se vê, ali, o que ali se vê
e só se escuta mesmo o que está bem perto:

é um mundo nosso, de tocar com os dedos,
não este — onde a gente nunca está, ao certo,
no lugar em que está o próprio corpo

mas noutra parte, sempre do lado de lá!
não, não neste mundo — onde um perfil é paralelo ao outro
e onde nenhum olhar jamais se encontrará...

LUNAR


As casas cerraram seus milhares de pálpebras.
As ruas pouco a pouco deixaram de andar.
Só a lua multiplicou-se em todos os poços e poças.
Tudo está sob a encantação lunar...

E que importa se uns nossos artefactos
lá conseguiram afinal chegar?
Fiquem armando os sábios seus bodoques:
a própria lua tem sua usina de luar...

E mesmo o cão que está ladrando agora
é mais humano do que todas as máquinas.
Sinto-me artificial com esta esferográfica.

Não tanto... Alguém me há de ler com um meio sorriso
cúmplice... Deixo pena e papel... E, num feitiço antigo,
à luz da lua inteiramente me luarizo...

O AUTO-RETRATO


No retrato que me faço
— traço a traço —
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...

e, desta lida, em que busco
— pouco a pouco —
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança...
Terminado por um louco!

Escrevo diante da janela

Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas
Verde!... e que leves, lindas filegramas
Desenha o sol na página deserta!

Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas cotidianas.

Jogos de luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço
Pra que pensar? Também sou da paisagem...

Vago solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmito... iriso-me... estremeço
Nos leves dedos que me vão pintando!
O mais profundo princípio da natureza humana é a ansiedade de ser apreciado.
(William James)
Quem monta num tigre, quem monta num tigre não pode apear.
(Provérbio Chinês)
Nada existe de bom ou de mau, senão os pensamentos que fazem as coisas assim parecerem.
(Shakespeare)
O cérebro é o seu próprio lugar, e pode, dentro dele, fazer do céu um inferno, do inferno um céu.
(Milton, Paraíso Perdido)
A riqueza pode vir até nós, mas a sabedoria temos de procurá-la.
(Provérbio Inglês)
Os que comem demais são sempre os mais gordos; os que lêem demais nem sempre são os mais sábios.
(Montaigne)
Não amar, não odiar, eis metade de toa a sabedoria. Nada dizer, e nada acreditar, eis a outra metade.
(Schopenhauer)
Cada qual é conforme pensa com fervor.
(Profeta David)
O bom cumprimento dos pequenos deveres, dia a dia, não exige menos esforço do que as grandes façanhas dos heróis.
(Rousseau)

quarta-feira, 2 de maio de 2007

“Os seres humanos são como anjos de uma só asa, só conseguem voar quando estão abraçados”
(Neo Buscarle)